Carlos Boechat
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SEXO NA ADOLESCÊNCIA
13/02/2014 12:19:18

Na semana passada estive na cidade de São Gabriel da Palha palestrando sobre sexualidade com cerca de 250 jovens estudantes do ensino médio na faixa etária de 16 a 23 anos. Eles fizeram uma pequena pesquisa sobre a conduta sexual. Apresentei os resultados fazendo as devidas considerações e abri para perguntas, que pelo volume, ficamos conversando por 4 horas seguidas.

O grupo pesquisado compunha de 138 mulheres e 106 homens e, em sua maioria com 17 anos. A maior parte das mulheres estavam com namorado fixo (52,17%) e os homens sozinhos(46,7%). Curiosa essa diferença, parece que para as mulheres, namorar é mais importante do que para os adolescentes masculinos que envoltos em sua imaturidade, medo de envolvimento tendem a preferir contatos fortuitos e casuais.

A grande maioria dos jovens pesquisados (acima de 70%) de ambos os sexos acreditam que o a relação sexual deve acontecer durante o namoro e antes do casamento e preferencialmente na faixa etária de 16 a 17 anos. Durante o debate o conteúdo das perguntas deixava claro que esses jovens desconhecem a anatomia do prazer feminino, tem a noção de que uma relação sexual é igual às cenas de filmes pornográficos afastando-os da realidade das sensações e das reais possibilidades sexuais. Essas fantasias aliadas à ignorância geram ansiedades, conflitos e disfunções sexuais como a ejaculação precoce e a falta de orgasmo feminino.

A prática masturbatória é mais frequente nos homens 63,60% do que nas mulheres 7,24%, perguntando a plateia moças apontaram que a masturbação não era importante uma vez que o orgasmo só tem sentido com a pessoa que se gosta. Claramente a construção sócio histórica da sexualidade com amor afastando a ideia de sexo por sexo como é comum aos homens. Para os homens a ideia da prática sexual solitária ou acompanhada é amplamente divulgada como a afirmação da masculinidade e virilidade.

Durante o namoro o sexo é essencial para 52,89% das mulheres e 73,80 % dos homens. Percebo que a diferença entre os gêneros a cada ano diminui. Embora com toda a ideia tradicional do sexo com amor e com o casamento, cada vez mais as jovens estão aceitando e querendo conhecer o prazer e desmistificando o valor da virgindade. Mas isso traz consequências.

Quando fazem sexo penetrativo 26,81% das mulheres 46,70% dos homens utilizam o preservativo. As mulheres, que fazem sexo com seus namorados, não utilizam o preservativo por acreditar na palavra do mesmo quanto à possiblidades de contaminações. Por amar, se entregam sem proteção. Para homens e mulheres jovens a preocupação é maior com a gravidez do que com contaminações. Penso que isso é algo preocupante e corrobora as estatísticas do Governo Federal que aponta um aumento da contaminação pelo vírus do HIV na faixa etária de 12 a 17 anos. Debatemos muito com esses jovens a necessidade da prevenção. Fazem sexo, querem agir como adultos, mas a ideia mágica “comigo nada acontece” prevalece.  O secretario de saúde do município estava presente a ressaltou o aumento dos casos de HIV e Sífilis e os convidou a participarem de uma ação da secretaria que fará exames gratuitos.

Extremamente importante, a meu ver, que ações de informação sobre sexualidade, divulgação sobre métodos preventivos precisam acontecer de forma mais massificadora para aumentar comportamentos saudáveis e diminuir fantasias errôneas.

O próprio programa do Novembro Azul, precisa mostrar de forma clara aos homens que o exame de próstata pode ser feito por coletas de sangue e ultrassom abdominal e que o temido toque retal só acontece se apresentar algum dado nos exames anteriores. Os homens morrem de câncer de próstata por machismo, creio que as informações precisas do procedimento dos exames preventivos poderiam ajudar bastante.

TAMANHO NÃO É DOCUMENTO
13/02/2014 12:04:22

“ Meu esposo tem um pênis que considero grande e ele gosta de penetrar sempre devagar e profundamente  proporcionando desconforto e falta de prazer. Já conversei com ele e a resposta é “é assim que eu gosto e sou”.

 

Quando li esse e-mail fiquei pensando se o artigo seria sobre anatomia e o prazer ou sobre desencontros e egoísmos. Na dúvida de qual discorrer, um pouco de cada um. E penso que completa o texto da semana passada.

Anatomicamente o canal vaginal, na maioria das mulheres, tem uma profundidade de 8 a 12 cm e a parte sensível ao prazer localiza-se nos 3 primeiros centímetros. Portanto ela pode acomodar vários tipos de pênis não necessitando de longos para obter o orgasmo. Um pênis mais grosso tende a ser mais eficiente do que o fino ou longo uma vez que a distensão da entrada vaginal traz maior contato do clitóris com o pênis. Mas não quer dizer que os homens de pênis mais finos teriam um problema. Basta saber como estimular, mexer quadril em sintonia com o prazer de ambos.

Em 1999, foi apresentado no Congresso Brasileiro de Urologia um estudo com 246 homens entre 19 e 75 anos e a avaliação do tamanho do pênis do brasileiro em ereção foi, em média, 14 cm de comprimento e 11 cm de circunferência. A ideia de quanto maior o pênis mais viril é um mito desenvolvido pela ignorância e comparação com animais do campo.

A excitação feminina proporciona o alongamento da vagina e sua lubrificação, portanto é necessário que o homem saiba como excitá-la com carícias adequadas a ela. O diálogo e a experimentação de coisas novas podem traçar um mapa do prazer no corpo de ambos. A comunicação sexual é a chave da satisfação.

Quando acontece um desencontro anatômico o casal pode adequar o prazer de cada um em momentos separados, ora fazendo do jeito dela ora do jeito dele. Mas a dor não pode existir. O homem que finge não estar vendo o desconforto faz a mulher sentir-se desprezada atrapalhando a troca amorosa. Ele pode penetrar um pouco menos, pode fazer devagar e profundo poucas vezes intercalando com forma prazerosa indicada por ela, enfim cada um se ocupando com o prazer pessoal e do outro. “O prazer só do meu jeito” é um indicativo de que a relação está em risco.

Há mulheres, que só conseguem o orgasmo com estimulação digital do clitóris e não adianta o homem ficar tempo prolongado penetrando que o prazer não acontecerá. Dessa forma, o casal pode ter o prazer penetrativo para ele e ao findar, dedica-se à forma adequada para ela. E ambos dormirão felizes e relaxados.

Agora, se uns dos parceiros insistem em ferir, em criticar ou em fazer sofrer o outro com a desculpa de sua anatomia, sugiro psicoterapia de casal, pois algo está sendo dito nessa relação pseudo amorosa.

 

INAPETÊNCIA SEXUAL
11/02/2014 20:07:34

“Sou casado há 13 anos, e eu e minha mulher ainda temos uma relação de muito amor e respeito. Só que o interesse sexual dela caiu consideravelmente, eu já tentei de tudo, mas ela não é mais a mesma. Informaram-me que estão lançando uma espécie de "viagra feminino", e que isso poderia salvar meu casamento. Isso é verdade? Ao que posso recorrer?”

A falta de desejo sexual tem sido uma disfunção sexual bem comum. De difícil tratamento por não apresentar claramente uma causa a ser trabalhada. Pode acontecer em homens e mulheres. Quando o corre no homem a perda eretiva se torna a principal queixa, mascarando assim uma problemática maior que é a falta do desejo.

Nosso leitor nos traz que eles têm uma relação de amor e respeito e mesmo assim há o desinteresse por parte da esposa. Primeiro é ele quem diz que há uma relação de amor. Não sabemos se esse amor ela também o sente ou está acomodada a uma relação conjugal sem tesão. É ele quem nos diz que há respeito, suponho que esteja se referindo a fidelidade conjugal, também não sabemos se é uma verdade da parte dela. Esses dois fatores precisam ser vistos e conversados com um profissional uma vez que é inviável a abertura de certos segredos nas relações amorosas, nem sempre o companheiro(a) suporta esse saber.

Na clínica é comum mulheres com esse sintoma apresentarem sinais de depressão, estafa ou stress. Há aquelas que estão cansadas com as triplas jornadas de trabalho, chegam em casa e ainda precisam dar atenção a filhos, casa e por fim ao marido. Geralmente, no final da noite ela não tem mais energia para o encontro amoroso. Quer banho, cama! O excesso de cobranças, desafios e resoluções de problemas, bem como o de informações e atividades, parecem tirar a mulher de seu foco, de sua sensação e percepção de si mesma. Ela precisa estar bem para funcionar sexualmente.

Sugiro buscarem ajuda psicológica, ir ao ginecologista para avaliações hormonais, conversar com o parceiro e filhos para dividir tarefas domésticas e organizar o tempo. Namorar um pouco mais sem a expectativa de genitalização. Dançar juntinho, passar hidratantes na pele um do outro, sair sem filhos pelo menos uma vez por semana enfim, aumentar a intimidade e a  proximidade. Verifico que casais gastam mais tempo vendo os e-mails a noite do que conversando e tocando seu parcerio(a). Alguns chegam ao absurdo de escrever em mensagens as conversas que deveria ter por voz ou presencialmente. Quanto mais utilizamos esses recursos, parece que nos afastamos da intimidade. Além dos ruídos na comunicação que pode ocasionar uma vez que a informação escrita não tem o tom vocal necessário para certos entendimentos, comprometendo ainda mais a troca e o Encontro.  

DESINTERESSE SEXUAL DO HOMEM
11/02/2014 19:52:24

1 - “Meu marido perdeu o interesse por sexo após no nascimento de nosso primeiro filho. Por quê?”.

 

Com a chegada do primeiro filho a relação afetiva é alterada bem como toda a relação matrimonial. O tempo do casal é diferente, as atenções e cuidados que tinham um com o outro é transferida para o bebê, a família outrora dual agora se reconfigura em uma tríade. .As influências das famílias de origem se tornam mais intensas, festas infantis tomam lugar das antigas saídas de lazer do casal. A mudança é bem significativa se ambos não estão unidos com a força do amor e do proposito da criação de filho.  É comum a mulher também perder o interesse sexual, pois além de tudo já falado, vem o aumento do cansaço, preocupações, angustia da mãe de primeira viagem, e algo mais profundo – ela se fusiona com sua “cria” não dando espaço para a participação do parceiro, excluindo da configuração familiar. Dessa forma, ele aos poucos vai procurando outras ocupações, outras atenções e se afasta da esposa que agora é mãe. A intimidade, erotização, charmes, se perdem na racional desculpa da maternidade.

Outro fator que faz o homem perder o desejo é ver sua esposa como mãe, trazendo desejos, traumas, rejeições sofridas em sua relação com sua própria mãe. Faz um mecanismo inconsciente de projeção e perde completamente o desejo sexual, pois este seria incestuoso em seu interior. Quando ele consegue se colocar como filho e ser adotado pela esposa-mãe, é possível que o casamento continue com fortes relações amorosas e de  parceria mas frias ou inexistentes no sexo. Uma psicoterapia é essencial nesses casos.

 

2 – “Após eu passar no concurso e ganhar mais do que ele percebo que nossas relações tem diminuído, cada vez mais espaçadas.”

 

Em nossa cultura, a força da masculinidade está no trabalho do homem. Ser o mantenedor dá este o poder e a segurança que a mulher e filhos precisam dele, e assim ele se sente útil, forte e viril. Quando esta representação de masculinidade é forte e estrutural em sua vida, a perda do emprego, aposentadoria ou mesmo a inversão do poder financeiro promove sentimentos de impotência, desvalor, podendo levá-lo a depressão, doenças psicossomáticas e perdas eretivas ou do desejo sexual. Ele está fragilizado e sofrendo. E como todo machista, sofre em silencio sem compartilhar ou dividir sua dor. Os sintomas é sua possível salvação, pois o levará a médicos e a psicólogos que poderão ajudar nessa passagem tão difícil. Compreensão e apoio são essenciais para a resolução de um conflito complexo e profundo embora para muitos possa parecer tolo, mas para esse tipo de homem é uma ferida muito séria. 

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