Meu namorado é viciado em filmes pornôs e isso me constrange.
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Tenho recebido essa questão com certa frequência em meu consultório. Penso, não tenho certeza, que esse fenômeno pode ser característica das gerações que desde a infância tem as redes sociais como forma de relacionamento social e sexual. O jovem tem na pornografia uma excitação mais fácil, rápida e intensa sem o risco de rejeição da outra parte e acostuma com esse prazer imediato. Assim a masturbação transforma no sexo possível fixando-se sua prática mesmo na presença da pessoa desejada sexualmente. Os homens via de regra, gostam de masturbarem-se mais do que as mulheres, uma vez que são estimulados à expressão do sexo na mais tenra idade, não ocorrendo o mesmo com as mulheres em igual proporção. Importante lembrar às mulheres que nem sempre seus homens masturbam-se pensando em alguma mulher, às vezes é pelo próprio prazer da estimulação peniana. Quando vêem filmes pornográficos a estimulação visual é a essência e eles não irão, via de regra, comparar as atrizes com suas mulheres reais. É apenas um estímulo momentâneo.
Uma coisa que preocupo e a ausência das relações interpessoais reais. Com todos os seus sabores e dissabores é essencial ao amadurecimento psicossexual do ser humano. Os amigos virtuais, namoros e sexo sem contato físico traz mudanças de valores (se positivos ou negativos depende da família e contexto social em que está inserido), aumento da timidez e uma falsa ideia de que tudo é perfeito, de que se têm controle sobre todas as coisas uma vez que a mentira ou a omissão de fatos são fatores comuns nas relações virtuais. Assim, a incapacidade de conhecer o outro, de fazer escolhas adequadas, de adequar-se a valores distintos fica muito prejudicada, trazendo as frustrações e desilusões reforçando a prática "segura" da virtualidade.
Sugiro que pessoas "viciadas" em pornografia busquem ajuda psicológica para tratamento adequado, há situações quando o comportamento é compulsivo o uso de medicações controladas por médicos se faz necessária. Um diálogo aberto com o parceiro, uns aumentos de brincadeiras sexuais e eróticas antes e durante a prática sexual podem surgir bom efeito. Mas nada adiantará se seu parceiro não quiser. Não adianta prometer, tem que se ter um compromisso com ajuda das pessoas que estão à volta, lembrando, coibindo enfim apoiando para que se consiga diminuir ou acabar um comportamento viciante. Brigas, castigos etc. só servem para aumentar o problema uma vez que gera ansiedade, culpa e angustia levando o sujeito a mais masturbações para sentir-se relaxado.
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