Convidado pela amiga Jacqueline Barros, a fazer uma palestra na Casa Cor 2016, com o título “Encontro de Dois” imaginei, primeiramente, uma estrutura formal, com microfones, multimídia enfim, todos os recursos que estou acostumado em minhas atividades. Qual surprese que o ambiente era um lounge de um café, hiper aconchegante, informal e muito acolhedor decorado de forma a auxiliar o encontro... Tão difícil de se ver e sentir nos dias apressados que vivemos.
Enquanto aguardava o inicio observei os participantes e tentava sentir como expressar o conteúdo preparado. Mulheres lindas, de varias faixas etárias sendo que sua maioria acima dos 40 anos, muito bem arrumadas, elegantes, sensuais e profissionais da arquitetura e decoração. Debatemos sobre vários assuntos afetivos e sexuais. Varias declararam o quanto estavam certas de não precisar de homens para o prazer sexual, mas que a companhia e ter com quem conversar é muito importante. Mulheres que são independentes economicamente passaram por vários relacionamentos, carregam dores emocionais, e especialistas em fazerem escolhas com amor e dor. Coisa de humanos, e como elas são humanas.
Uma historia de amor nos foi contada. Uma delas com mais de 60 anos, procurando músicas para o neto, encontrou um CD do primeiro amor. Admitiu e seu marido sabia quando casou que este primeiro amor era e é o grande amor de sua vida. Agora viúva, seu neto foi a razão da busca. Ao perceber que as músicas que foram feitas pelo amor durante o namoro estavam ali gravadas. Tremeu, voltou toda a ansiedade, as memórias das dores e amores...e.. incentivada pela família, ligou e do outro lado, ao ouvir a voz , a reconheceu 27 anos depois. Conversaram e namoraram no virtual, marcaram um encontro real, e segundo ela, ficaram uma semana em um hotel, conversando e fazendo amor como nunca o fizeram. Suas sensações corporais, seus orgasmos extremamente intensos e a emoção de encontrar um amor antigo e esquecido, fizeram sentir-se como uma adolescente. Para ela o tempo voltou ao período que se conheciam e se separaram. Roupa suja lavada e decidiu se ver uma vez por mês pois ambos são expoentes em suas profissões em Estados diferentes.
As mulheres que ouviam ficaram admiradas com a magia do encontro. A possibilidade de reencontro reacendeu a esperança oculta de novos amores, aquecimento dos seus e o fortalecimento de novas modalidades de melhorar a vida amorosa e sexual. Em qualquer idade o amor e o sexo podem e devem acontecer. Refletir sobre o que fazemos com nossas vidas, as escolhas que nos separam ou nos distanciam de nossos amores e de nossos sonhos. Desde a criação de filhos, acompanhar marido ou mesmo a vida profissional precisamos saber dosar as obrigações de nossas necessidades mais íntimas. As mulheres ainda carregam culpa por escolherem a se dedicar ao trabalho e a sua vida pessoal e não conseguir ser 100% na maternidade. Realmente, não dá pra ser 100% em tudo.
Escolhas....escolhas...mas podemos sim adequar, conversar, combinar com filhos e maridos, as divisões das atividades do lar, as prioridades, os momentos individuais. Acredito que bancar de Deusa remete a solidão e a frustração, punição inevitável para quem não se sente e se respeita.
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