Esse título pertence a um trabalho de conclusão de Especialização em Sexualidade Humana na Universidade Gama Filho da Psicóloga Heloisa Castro.
A homossexualidade feminina também chamada de Lesbianismo é uma orientação da sexualidade inerente ao ser. Dentro do paradigma científico atual não temos uma aceitação unânime de sua causa, para os estudiosos da Sexualidade Humana é uma forma de expressão do afeto e do desejo sexual dos indivíduos não cabendo busca da causa como fator de possível mudança.
Em nossa cultura e falocrática, o pênis é o símbolo de força e poder e de ação no mundo. É o homem quem penetra, é ele quem dá o prazer a ela, enfim, uma série de mitos que coloca o macho no centro do mundo. Assim, a sexualidade feminina foi deixada fora do foco social. Às mulheres era e ainda é permitido dormirem na mesma cama, trocarem de roupas em quartos fechados, manifestação de carinho físico em público como se elas não tivessem a possibilidade da manifestação sexual pela ausência do pênis. Dessa forma o amor entre mulheres foi possível através das amizades íntimas e profundas. Diferente dos homens que sempre foram impedidos de manifestarem a afetividade entre seus iguais.
Importante lembrar que o amor da amizade entre mulheres não significa o lesbianismo. É um treino de amor que fazem as mulheres serem o que são. Atualmente em função da maior permissão da manifestação homossexual e sua divulgação o afeto singelo entre as meninas e adolescentes tem sido alvo de restrições com críticas, bullying o que ao meu ver atrapalha o desenvolvimento afetivo das mulheres. Amar se aprende amando e a amizade é uma forma de amor não sexual.
Da mesma forma que existe várias formas de amor e de amar entre os heterossexuais assim é o entre mulheres. Temos as que possuem o papel social feminino, outras se identificam com o masculino; e algumas que em sua prática sexual utilizam objetos representativos do pênis outras que abominam tal prática ficando as carícias e o sexo oral como forma de atingir o prazer; e algumas que não fazem sexo genital, apenas demonstrações de afetos e companheirismos tendo sua satisfação orgásmica geradas no autoerotismo. Portanto, não é imprescindível o pênis para a mulher ser feliz ou ter prazer sexual.
Como todo relacionamento amoroso as dificuldades, conflitos e neuroses também são presentes entre elas, mas isso não é por causa da orientação sexual e sim pela complexidade de todas as relações. No amor entre mulheres à proibição de manifestação social dificulta um pouco mais, levando-as a construção de grupos de iguais aonde podem manifestar-se abertamente nas casas de amigas, boates e bares gays.
Diferente dos homossexuais masculinos as mulheres gostam e lutam para terem relacionamentos afetivos e sexuais mais duradouros. Muitas vêm de casamentos tradicionais com filhos e conseguem fazer uma excelente adaptação à nova parceria constituindo famílias equilibradas, com filhos sem traumas e felizes. Embora possam receber algum tipo de bullying nas escolas, percebo que cada vez mais as instituições de ensino incluem essas famílias de forma bem saudável, impedindo os possíveis constrangimentos.
A ideia de maternidade costuma ser presente e para tanto a opção de adoção, inseminação artificial ou mesmo reprodução por algum amigo ou doador constroem a família que elas tanto necessitam. Imagino que alguns leitores estão discordando de meu texto quando eu escrevo a palavra “família”. A tradição religiosa e até mesmo civil preconiza a relação homem-mulher para obter esse título. Contudo, as mudanças de comportamentos tem levado a mudanças na legislação e em igrejas cristãs, sinal que o foco está no amor e na felicidade daqueles que constituem essas sociedades.
“Amar ao próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas”. Jesus Cristo.
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