“Após um casamento de muito sofrimento, divorcio litigioso, descobrimos que nossa mãe tem um romance homossexual e não sabemos como lidar com isso”.
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Recebo muitos e-mails de pais desesperados por ajuda em como lidar com a homossexualidade dos filhos, seus medo e preconceitos. Agora a inversão: Filhos jovens descobrindo que sua mãe está reconstruindo uma nova vida amorosa com uma mulher. Esse fato faz com que os filhos lidem com questões tabus: Homo afetividade e sexualidade dos pais. Há um mito que os pais não têm prática sexual e que o “ser mãe” é desprovida de desejos eróticos, vivendo para os filhos ou para o bem estar da família. Passam-se os anos e a força do tabu ou do preconceito resistem às mudanças.
Propicio palestras para adolescentes em escolas e pelas perguntas e debates que fazemos fica clara a “certeza” de que os pais não transam. Eles não conseguem imaginar seus pais fazendo o que eles veem em sites pornográficos. A falta da expressão afetiva na frente das crianças, a dificuldade em falar de sexo como algo natural na família mantem essas estereotipias.
Nossa leitora nos inquere se a mãe se tornou homoafetiva por causa dos traumas sofridos em seu casamento. Eu não acredito nessa possibilidade. Provavelmente essa mulher tinha seus desejos homoafetivos antes de casar, ou mesmo nunca se permitiu sentir tais desejos. Com o fim do casamento, o sofrimento obtido com o parceiro, os filhos crescidos e a presença de uma mulher companheira, amiga e amorosa foi o suficiente para permitir sentir o que antes era proibido. Ninguém se torna homoafetivos, nasce assim.
Sugiro que a família puxe o assunto e o mesmo seja esclarecido e aceito. Os filhos devem primeiro conversar sobre o fato, o que pensam, como sentem seus preconceitos e o que irão fazer se a convivência com a namorada da mãe se tornar necessária. Após chegarem a um acordo convidam-na para um papo aberto, afetivo e acolhedor, dizendo o quanto vocês a aceitam, o quanto querem o bem e a felicidade dela. Deem a oportunidade de fazer feliz a pessoa que viveu para a felicidade dos filhos. Agora é a hora dela!
Como todo relacionamento afetivo ela terá seus altos e baixos, términos, sofrimentos e novos amores e o apoio familiar é muito importante nessas horas. Ter com quem compartilhar seus medos e dores a fará mais forte para enfrentar a sociedade homofóbica, seus próprios preconceitos, enfim, ela terá muito trabalho pela frente e não devem ser os filhos que irão dificultar um pouco mais. Pensem nisso!
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