Fui à exposição do artista plástico Atílio Colnago que se encontra no Palácio Anchieta e assim compartilho com vocês minhas sensações sobre as obras.
Falar das próprias emoções e sensações requer cautela e coragem. Vivemos na época dos sentimentos líquidos e filosofias facebookianas onde a intimidade e valores pessoais se tornam banais e a essência das coisas viram demagogia ou caretice. Importante lembrar que ao ver uma obra de arte as emoções e interpretações são somente de quem a vê. Nem o artista que a faz pensa da forma que o público enxerga. Compartilho e convido a irem sentirem as próprias.
Atílio é um artista ímpar. Cheguei perto dele e perguntei o que ele quis dizer com uma determinada tela, imediatamente ele disse: Nada, mas me deu uma aula de como se faz e como as cores, traços acontecem como se eu fosse um aluno da Graduação. Ouvi emocionado, aproveitando a oportunidade de aprender algo tão distante de minha realidade.
Ao entrar na exposição o Sagrado, a Paixão e a Sensualidade e porque não as dores do Amor se fazem presente a cada momento, basta ter olhos para ver. As telas com a temática Sagrada nos trás emoções da dor dos vários tipos de amores, das abnegações e resignações das escolhas amorosas que fazemos ou que fizeram na historia da humanidade.
Os desenhos e telas de São Sebastião nos mostra a sensualidade do corpo masculino num misto de entrega, passividade e martírio frente à aceitação de suas próprias escolhas, o martírio de amar de forma diferente, além dos traços perfeitos que só falta a imagem conversar conosco.
Desenhos de homens maduros travestidos que se mistura a força do masculino com a suavidade dos trajes é algo novo para mim. Pouco se retrata essa temática nas artes brasileiras. Assim como temos uma criança dentro de nós, homens adultos que nos facilita o humor, a alegria de viver, também retrata dentro de nós a suavidade, gentileza e delicadeza expressa nos trajes e adereços nos fazendo sentir e repensar a rudeza que a masculinidade nos obriga. Ser sensível não é deixar de ser homem, mas sim um homem diferente, mais adequado às necessidades de uma nova mulher que demanda outros amores e outras “pegadas”, além das tradicionais sócios historicamente constituídas.
As mulheres, tão bem retratadas, mostraram-me a várias facetas da sensualidade feminina. Posturas de segredos, sensualidades e o mistério que envolve o amor e o amar da mulher. Não há nudez e nem precisa para excitarmos a imaginação em desvendar a sutileza do olhar, a forma de sentar convidando para um possível encontro, enfim, o erotismo enquanto prazer e não pornografia se faz presente a cada momento.
Adentrar a Exposição como quem entra em um local Sagrado livre de preconceitos e expectativas possibilitaram aos visitantes várias formas de ver e sentir, que espero possibilitar visões e sentimentos diferentes do meu olhar. Assim cada um construirá os seus próprios olhares...
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