"Eu tenho 17 anos e nunca tive nenhuma relação com nenhum cara, e eu acho que já to na hora de perder minha virgindade... Mas Carlos eu não encontro nenhum cara interessante, tenho medo de não encontrar ninguém" . (Mulher 17 anos)
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Será que tem hora de perder a virgindade? Acho que estou ficando velho, pois eu ainda penso que possa existir a idade e nossa leitora pergunta pela hora. Sei que é uma força de expressão e que ela quis dizer em função da idade, mas dizem que falamos o que pensamos e nos dias de hoje com tudo tão rápido, é descartável pensar que em termos de horas seja algo pós-moderno.
Em minhas palestras e trabalhos de educação sexual nas escolas, me deparo com essa pergunta frequentemente a partir do primeiro ano do ensino médio. No ano passado no 8 ano do fundamental. Algumas mudanças comportamentais têm acontecido a cada ano mais cedo nas faixas etárias.
Pensando que adolescentes lêem essa coluna, e lêem, eu penso que enquanto o sexo for visto como uma prática qualquer ou que para ficar "igual aos outros" não é a hora ou a idade para perder a virgindade. Com todo o modernismo e mudanças no comportamento sexual ainda é forte o padrão romântico e tradicional em nossa sociedade. A mulher ainda olha para o homem com quem perde a virgindade como alguém especial, repleto de ilusões do amor para sempre. Trauma e a desilusão tomam uma grandeza proporcional à ilusão inicial.
O que escuto nas escolas é que a moça deve namorar mais de 06 meses com um cara para saber se ele é o escolhido para a primeira vez ou para as práticas sexuais. Não sei de onde elas tiram esse número, mas é a faixa de tempo que elas acreditam ser suficiente para conhecer e saber "qual é a dele". Assim eles podem organizar com métodos contraceptivos para ela, conversar sobre preservativo e até irem ao ginecologista para saber de remédios, fazer exames que detectam doenças sexualmente transmissíveis e assim estarem prontos para o sexo. Vejam bem, meus leitores, esse tipo de casal que descrevi é coisa fora do comum. Existem, e pertencem a famílias que conversam sobre sexo e tem na sexualidade uma expressão linda e saudável da vida humana. O comum é a jovem transar sem planejamento, sem cuidado e com o primeiro que a convence com a frase "eu te amo, você é tudo para mim". Geralmente a experiência vem seguida de decepção com o amor e transforma o encontro sexual que poderia ser orgásmico em uma experiência banal.
Tenho pensado que o sexo não precisa ser algo muito sério, cercada de ritos e padrões, mas acredito que se ele se transforma em algo comum, sem graça é apenas mais um comportamento que se repete e repete, diminui o desejo, o amor, a intimidade e a importância do outro em nossas vidas.
A nossa leitora ainda não encontrou o cara certo. Ótimo!. É sinal que ela tem um critério de busca, alguma forma de selecionar. Sugiro que converse muito com ele, vasculhe a vida dele nos sites de relacionamentos, se possível converse com alguma ex para saber como ele é. Tome todos os cuidados de saúde e depois, independente da "hora", antes ou depois do casamento, sinta o seu corpo pedir, e sentir os beijos, os toques não genitais para saber se vocês têm química e entendendo que é a sua "hora", que seja em um local seguro, adequado, com calma, sem culpas e medos assim o seu encontro sexual será o que você merece e tanto espera.
Gostaria de lembrar por ultimo que você não está sozinha no mundo, tem uma família, amigos que tem juízo de valores morais e religiosos que interferem nas escolhas e nessas buscas. Tenha a sua certeza de seu caminho sem os impulsos normais da juventude. "Quando a cabeça não pensa o corpo padece". E sexo não merece castigos e punições.
Tudo no seu Tempo!
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